Olimpíadas, um espelho do mundo.
Neste ano, mas precisamente de 27 de julho a 12 de agosto de 2012, serão realizados os jogos olímpicos na cidade de Londres, na Inglaterra. Além obviamente do esporte, não podemos descartar a correlação das olimpíadas com a política e com a economia do planeta. Os jogos olímpicos sempre refletiram as posições políticas e as situações econômicas dos países que dele participam, e principalmente que o sediam. Sediar uma olimpíada é expor sua cidade e seu país para os olhos das outras nações. Receber milhares de visitantes certamente mexe com a economia e a vida das pessoas da cidade sede. Em 2012 é a vez de Londres, e, nós brasileiros devemos ficar muito atentos, pois sediaremos uma copa do mundo de futebol em 2014 e uma olimpíada no Rio de Janeiro em 2016.
Historicamente, encontramos vários fatos que nos mostram a relação dos jogos com o panorama político e econômico de seu tem tempo. Um dos melhores exemplos desta relação é a olimpíada de 1936 de Berlim. Realizada pouco antes da segunda guerra mundial, teve como objetivo mostrar para o mundo o poder germânico e a superioridade da raça ariana sobre os outros povos. Realmente, devido ao investimento e ao fato de estarem em casa, os alemães conseguiram o maior número de medalhas de ouro, 33 no total, mas Adolf Hitler teve que assistir de seu camarote o fenômeno negro norte-americano Jesse Owens que venceu quatro provas do atletismo, incluindo o 100 metros rasos. Hitler se negou a apertar sua mão e lhe entregar a medalha de ouro, retirando-se do estádio na cerimônia de premiação. As olimpíadas de 1940 e 1944 foram canceladas devido à segunda guerra mundial e nos jogos de Londres de 1948, o Japão foi proibido de participar e a União Soviética mandou apenas uma delegação de observadores.
Outro fato político importante ocorreu antes do início da olimpíada de Munique, na Alemanha, em 1972 quando um grupo de terroristas da Organização Setembro Negro da Palestina invadiu a vila olímpica e matou onze atletas da delegação de Israel. Durante o final da guerra fria nos anos 80 temos dois boicotes famosos: na olimpíada de Moscou em 1980, os Estados Unidos lideram um grupo de 62 nações, incluindo o Japão e a Alemanha Ocidental que não foram a esta olimpíada em represália a invasão soviética ao Afeganistão em dezembro de 1979; nos jogos olímpicos de 1984, em Los Angeles, foi a União Soviética que deu o troco, liderando um bloco de países socialistas que não foram aos Estados Unidos alegando falta de segurança para suas delegações.
Nos últimos jogos, com um mundo mais interligado e globalizado, os conflitos bélicos interferem menos e sobressai a força do poder econômico. Um reflexo disto é a diminuição de medalhas por países como os Estados Unidos e a Rússia, em função de suas crises econômicas e o aumento de medalhas de países emergentes como a China e o Brasil. A China organizou sua olimpíada em Pequim 2008, investindo no esporte e mostrando ao mundo seu poder. A olimpíada chinesa foi seu cartão de visita para o novo mundo globalizado, vindo junto com o crescimento de sua economia e sua importância política no mundo. Seguindo esta linha, o Brasil, cada vez mais forte e importando nas tramas da teia política internacional, recebeu a incumbência da realização de sua olimpíada em 2016 e pode seguir alguns passos da China.
A cidade de Londres já havia sediado duas outras olimpíadas, a de 1908 e de 1948 e uma copa do mundo de futebol em 1966, além de ser uma cidade já bem estruturada, principalmente na área de transporte público, mesmo assim muitos investimentos estão sendo realizados para a cidade receber os atletas e as competições. O Estádio Olímpico de Londres, onde serão realizadas as provas de atletismo, tem sua estrutura toda de aço e está sendo construído na região olímpica que faz parte do processo de regeneração do bairro de Stanford. Há uma preocupação muito grande do comitê organizador de não construir elefantes brancos (obras gigantescas com pequenas utilizações após o evento) e o que mais impressiona é a preocupação com o deslocamento: várias linhas de trem e metrô passam pelas sedes e vila olímpica. O comitê organizador acredita que mais de 80% dos atletas não demorarão nem 20 minutos para se deslocarem de suas hospedagens aos locais de prova. No Rio de Janeiro, o transporte já não é dos melhores e muitas obras deverão ser realizadas. Podemos aprender muito com estes jogos, para realizarmos, em 2016, uma olimpíada que leve para o resto do mundo uma imagem bela e positiva do nosso país.
Mazinho Sol, professor de Literatura do Colégio Solução. Mazinho é escritor, jornalista e critico de arte.


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